“Corpo e Parede”
A Criança e a Linguagem
da Pintura
Partimos de uma compreensão
que o ser da criança precisa ser alimentado com coisas boas, isto por meio de
situações educacional-pedagógicas que desacomodem o pensar e o fazer a prática
da docência. A linguagem da pintura é uma excelente oportunidade para as
crianças viverem experiências significativas e de livre expressão para a sua
constituição humana e a livre produção da cultura infantil.
Quem está nas instituições
de educação infantil acompanha que em muitos casos o ”ser da arte encontra-se
no porão” (OSTETTO, 2014), seja de crianças ou de adultos. Ele fica preso no
subsolo das percepções, sensações e experiências. As propostas curriculares
ainda não contemplam suficientemente as dimensões da arte no cotidiano diário.
A arte em muitas situações aparece para decorar lembrancinhas, confeccionar
enfeites para portas, paredes e tetos, ou quando não, preencher o tempo após
alguma atividade considerada cognitiva. Percebemos que falta uma reflexão
consistente sobre a arte como experimentação do mundo e da cultural.
Há tempos venho pensando
sobre o desafio que temos em compreender como são reconstruídas, reelaboradas e
expressas as representações e simbolizações das crianças, mesmo as de zero a
três anos, quando nos deixamos ser preenchidos pela leveza da criação e
imaginação. Isto nos faz pensar e propor outras formas de trabalhar com a arte
junto às crianças pequenas.
Há que se construir nas
práticas o exercício de ouvir, ver, perceber e sentir, suspendendo o
automatismo das ações e cultivando a atenção às minúcias da vida cotidiana. A
arte sendo vivida e permitida com nitidez e extrapolando os modos convencionais,
é experimentada com o corpo inteiro e vai além das evidências explícitas pela
racionalização.
A arte é portadora do
inédito. Possibilita o extraordinário no decorrer da vida cotidiana. Inaugura
novas formas de perceber e produzir o mundo e a si mesmo. Ajuda a reinventar o currículo
e a narrar a vida com força motivadora para avançarmos em um outro mundo
possível: com mais alegria, com mais colorido, com mais sutileza e com mais
riso.
Texto
Professor Dr. Altino José Martins Filho
Proposta
Desenvolvida com o Grupo III
Professoras Andrea
Christianne Botter e Andréia Cristina Rodrigues; Professor Altino José Martins
Filho.
